Algumas operações em Neurocirurgia Pediátrica

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Dra. Valéria Marques

Neurocirurgiã Pediátrica | CRM 97485

São inúmeras as neurocirurgias e procedimentos menores que podem ser realizadas de acordo com a necessidade da criança ou do adulto. Abaixo estão citadas somente algumas delas. Posteriormente, falarei sobre outras.

Aplicação de toxina botulínica

A toxina botulínica (popularmente conhecida como Botox), pode ser uma grande aliada para o tratamento de várias doenças na criança, como a espasticidade, a distonia, a dor e a hiperidrose. O tipo de toxina botulínica, a dose, e o tempo de tratamento dependem da doença e da resposta do paciente. Na criança, a aplicação de toxina botulínica é geralmente feita sob sedação.

Cranioplastia

Cranioplastia é o procedimento no qual se faz a reconstrução do crânio. Esta reconstrução pode ser feita com o próprio osso da criança, com metilmetacrilato, ou com próteses customizadas, cuja vantagem é o excelente efeito estético.

Craniotomia

Procedimento que consiste em abrir uma janela no crânio do paciente. Em geral, a essa janela tem por objetivo chegar ao cérebro para se tratar alguma doença específica. Ou seja, a craniotomia em geral é o primeiro passo de uma cirurgia cerebral. Hoje em dia utilizamos Craniotomia menores e mais precisas, que tem por objetivo a recuperação mais rápida e melhor resultado cosmético. Isso, claro, desde que não impeça o objetivo maior que é i tratamento da lesão cerebral. O osso que foi retirado para abrir esta janela em geral é reservado durante a cirurgia e colocado novamente no crânio do paciente ao término da cirurgia. Este osso é preso novamente ao crânio através de fios, ou de placas e parafusos de titânio.

DVP (Derivação Ventrículo Peritoneal)

É o que se conhece popularmente como “válvula”.

Derivação ventrículo peritoneal é uma das formas de tratamento para hidrocefalia, na qual o neurocirurgião insere um cateter na cavidade ventricular do paciente (que no caso da hidrocefalia está aumentada, com muito líquido), que irá drenar o excesso de líquido do cérebro do paciente. Este cateter é então conectado a uma válvula (que controla o quanto deste líquido irá drenar). Na outra ponta desta válvula, conecta-se um tubo, que levará o líquido drenado do cérebro até a cavidade abdominal do paciente, onde será normalmente absorvido. Todo este sistema fica sob a pele e tecido gorduroso do paciente.

Muitas vezes ao longo da vida do paciente, é necessário trocar o sistema. Mesmo com a melhor técnica e cuidados de assepsia e antissepsia, pode haver infecção relacionada a válvula, o que pode causar infecção local e/ ou meningite. Nestes casos, a válvula é retirada e o paciente é tratado com antibióticos até eu se cure a infecção e seja implantado um novo sistema de DVP. Falhas mecânicas da válvula (entupimentos, parada na sua função), também são possíveis. Um outro tratamento possível para a Hidrocefalia é a Neuroendoscopia. Decidir por válvula ou Neuroendoscopia muitas vezes é uma tarefa muito difícil, e muitos detalhes técnicos e da criança devem ser levados em questão. Por isso, se seu filho é candidato a colocar uma válvula, converse com seu neurocirurgião e tire suas dúvidas.

Implante de Bomba de fármacos

Consiste no implante de um dispositivo eletrônico que contém um reservatório. Este reservatório é preenchido pela droga de escolha para tratar a doença em questão (dor, distonia). O dispositivo é implantado no tecido subcutâneo, na região abdominal, e dele sai um cateter, que leva a droga até o canal medular. A droga chega ao líquor, e então é distribuída por todo o sistema nervoso central, alcançando o efeito desejado. Quando a droga estiver acabando, o paciente é submetido a um procedimento estéril (muito parecido com uma injeção), que reabastece a bomba.